domingo, 18 de maio de 2008

A pensar morreu um burro





«A primeira vez que ouvia uma frase fazia-lhe confusão. Era muito estranho. Primeiro era uma excitação, parecia a descoberta de alguma coisa muito importante. Depois, e isso acontecia quase logo a seguir, não percebia o que a frase queria dizer. Vai passear macacos, por exemplo, soava-lhe bem e divertia-o mas não era capaz de imaginar uma fotografia para uma imagem assim. (…)

(...)



- Então, meu querido, que se passa? Estás a olhar o vazio?
- Não, mãe, estou só a pensar…
- A pensar? Olha, a pensar morreu um burro! Agora dorme que bem precisas. Um beijinho…

Sim, era só daquilo que ele precisava. Dois enigmas, dois mistérios. Aquelas frases, talvez por serem das últimas do dia fizeram-se-lhe música na cabeça. Não lhe saíam da cabeça. A olhar o vazio a pensar morreu um burro. Um burro. Um burro morreu a pensar a olhar o vazio. O vazio morreu a olhar um burro a pensar (…) »

(para perceberem todo o desenho têm que ler o resto da história... e vale a pena)

Um pequeno excerto da 1ª história do livro: A pensar morreu um burro e outras histórias
Texto de Hélder Moura Pereira e desenhos de Luís Manuel Gaspar.

(tive alguma dificuldade em escolher o texto/desenho…)

16 comentários:

Paulo Tomás Neves disse...

Olá, Leonor!
Também ouvi muitas vezes essa frase :-)
O livro parece muito interessante, para oferecer à muinha sobrinha.
Boa semana

Lyra disse...

Leonor,
Considero fantástica a capacidade que tens de me aguçar, cada post, a curiosidade.

O livro parece fantástico, especialmente pela bordagem a um tema àcerca do qual não costumamos reflectir.

Beijinhos e até breve.

;O)

Daniel disse...

Olá

Há muito tempo não oiço a frase, "a pensar morreu um burro". Agora quase não os há para pensar. Curiosamente, para o meu pai, o burro, era o "assessor" principal. Até sabia o bocado de terra, para onde queria ser levado!...

Daniel

Leonor disse...

Olá Paulo

Confesso que comprei este livro porque gostei bastante dos desenhos... o outro dia resolvi lê-lo e só acabei no fim...

agora dei nisto: compro alguns livros da literatura dita infantil e gosto bastante de ler e ver. Tenho sempre a desculpa que os posso oferecer mais tarde aos meus sobrinhos, mas na verdade nunca o fiz e já vou em meia prateleira...

Enfim, cada um com a sua... (mas há uns verdadeiramente interessantes)

Boa semana

Leonor disse...

Lyra

Meia resposta ao teu comentário está na resposta ao Paulo. Quando vi o livro, achei curioso o título, claro, e gostei dos desenhos. Depois folheei, ainda achei mais interessante os desenhos. Quando li a 1ª história fiquei fascinada não só com a imaginação, mas também com a capacidade de transpor visualmente o nosso pensamento, que nesta história está exemplarmente bem feita (digo eu, claro). Fora o resto.

beijinhos

Leonor disse...

Olá Daniel

É verdade que já não se ouve muito, não sei porquê... e que também não há muitos, tb não, mas é pena, sempre gostei do focinho dos burros, já para não dizer que os burros existem para alguma coisa... mas enfim...

boa semana

Teté disse...

Os putos têm sempre uma enorme dificuldade em compreender estas "frases idiomáticas", que conhecemos há tantos anos...

Isto para não falar de histórias da Bíblia, que mesmo quem tenha tido catequese e 1ª comunhão fica sem perceber uma simples referência à Arca de Noé ou ao Bom Samaritano... ;)

Jinhos, Leonor!

Teté disse...

Ah, esqueci-me de dizer que achei a imagem (do homem com o burro na cabeça e a pentear o macaco) fabulosa... ;)

Alberto Oliveira disse...

... frases "do antigamente" (a minha avó paterna tinha um reportório delas que ainda hoje vou usando de quando em vez pela sua "criatividade") que foram sendo esquecidas porque a oralidade (mais que a escrita) se foi transformando.

"Vai pentear macacos", também era referida com frequência assim como "A pensar na morte da bezerra".

Boa continuação de semana!

Ka disse...

Olá Leonor,

Bela dica para comprar para o Luis para mais tarde ler :)

Obrigada

Beijinho e boa semana

Leonor disse...

teté

tens razão, algumas destas referências perderam-se completamente... e é pena.

às vezes já dou por mim a dizer, como tanto ouvi dizer à minha avó, no meu tempo... mas depois remato logo, no dos dinossaurios, claro

beijos

Leonor disse...

aaaaaaah, e não percebes o resto..........

Leonor disse...

legível

tem graça, a pensar na morte da bezerra não ouvia eu há muito tempo.

O meu pai dizia uma, mas creio que era invenção dele porque nunca ouvi mais ninguém dizer aquilo: quando lhe perguntávamos para que estava a tomar algum medicamento respondia logo: para não tossir depois de morto.

bom fim de semana

Leonor disse...

Ka

compra sim, o livro é interessante.

beijinhos, bom fim de semana

BlueVelvet disse...

Fiquei fascinada com o que li.
Palpita-me que também vou começar a comprar livros infantis.
Não tenho é a desculpa dos sobrinhos:)))
Obrigada pelas dicas, sempre interessantes

Leonor disse...

Blue

Na verdade só precisamos de desculpas se quisermos... mas aí por esses lados não há ddescendência directa???

beijinhos