quinta-feira, 27 de novembro de 2008

X de Xavier
















Hoje é o dia X. De Xavier. Em azul, quando olhamos, ou verde, quando passeamos no jardim, ou castanho quando estamos em casa.




Mas também dos X à volta: dos jogos de xadrez, das "xitas" que correm depressa. E dos X para ilustrar, muitos, muitos desenhos que aí se prometem...

E para dar prendas!!!



Laudas a Galileu

Viajando por aí, “descubro” este Poema para Galileu, de António Gedeão.

Poema para Galileu

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.

Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileu! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios).


Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.Lembras-te?
A ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria...
Eu sei... Eu sei...
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileu Galilei!

Olha. Sabes? Lá na Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

E eu queria agradecer-te, Galileu,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar - que disparate, Galileu!
- e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação
-que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileu?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?
Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileu,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um guiso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.

Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,se estivesse tornando um perigo
para a Humanidade
e para a civilização.

Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscava os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.
Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas - parece-me que estou a vê-las -,~
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.

E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma

Ai, Galileu!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andava a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.

Tu é que sabias, Galileu Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.

Por isso, estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa dos quadrados dos tempos.

Que, por esta interessante iniciativa do jornalista António Granado, do Público é aqui lido por vários cientistas portugueses. É bom ver projectos assim!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

O Regresso dos Animais






Não, desta vez não vou falar dos de quatro patas com quem convivo ou já convivi… mas sim de uma exposição muitíssimo interessante a decorrer no renovado Museu das Marionetas.

Instalado desde 2001 no Convento das Bernardas, imóvel de interesse público, fundado em 1653 e actualmente na posse da Câmara Municipal de Lisboa, este Museu beneficia de uma área envolvente já de si interessante. Mas tem muito mais do que isso.

Estes “animais” que vêm nas imagens, alguns das quais beneficiam grandemente com a visão in loco, fazem parte da colecção de marionetas e máscaras do Mali exposta no espaço da antiga capela, o que ainda lhes dá mais destaque.

Mas Regresso dos Animais também porque é a tradução literal da palavra Sogobó; uma prática social (e teatral) levada a cabo pelas associações de jovens nas vilas do Mali. Na verdade, animais ou suas fantasias, utilizados como disfarce, ao serviço de uma representação artística livre.

Pena mesmo é que, face à qualidade, quantidade e novidade dos objectos expostos, não haja um catálogo que nos permita conhecer um pouco melhor esta realidade.

No entanto, “youtubando” o termo (e porque me era difícil imaginar a utilização de algumas das máscaras expostas) fui parar aqui:



terça-feira, 25 de novembro de 2008

Bons Dias

E, depois de um fim de semana meio engripada, com a luz e tempo que está hoje, apetece dizer (alto) Bom Dia:))
Não talvez de uma forma tão entusiástica, como no video abaixo, mas uns Bons Dias cheios de boa vontade...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Todos Nós Nascemos Livres


(mas uns são mais livres que outros)

Trata-se, como é óbvio, do princípio do 1º artigo da Declaração Universal dos Direitos do Homem, assinada pela Assembleia Geral da ONU, a 10 de Dezembro de 1948, cujo enunciado completo é:

"Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos.
Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade".

Comemorando-se este ano o 60º aniversário da Declaração, e tendo em atenção um público privilegiado, foi hoje lançado pelas Edições Paulinas, em colaboração com a Amnistia Internacional Portugal, o livro Todos Nós Nascemos Livres, a Declaração Universal dos Direitos do Homem ilustrada.

Trata-se de uma tradução, adaptação e ilustração dos princípios que norteiam a Declaração, e, que nesta edição portuguesa beneficia ainda de um texto introdutório de Matilde Rosa Araújo e Fernanda de Freitas.

Todos nasceremos livres, é certo, mas é fundamental que o saibamos. Este livro vem assim informar e divulgar princípios tão importantes quanto esse a um público infanto-juvenil que o merece saber.

E, na sequência da publicação, aqui fica o correspondente vídeo:

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Nano Arte





Não faço ideia se o termo existe, claro... mas é o que apetece chamar quando vemos estas criações de Willard Wigan. Se não, como qualificar estas representações de Henrique VIII e as suas mulheres, o Feiticeiro de Oz e a Branca de Neve em buracos de agulha, ou Elvis Presley na cabeça de um prego? E o que dizer do gato num verdadeiro pelo de gato?
Aqui está uma arte para a qual eu não teria certamente qualificações... a começar pela paciência enorme que deve exigir:))
Visitem a galeria; há muito mais exemplos... bastante curiosos, aliás. Ah, e também dá para comprar. Sim, porque uma peça destas pode ir até perto de 400 £ !!!






















terça-feira, 18 de novembro de 2008

Selecção Musical


Não sei já quantas versões conheço desta música, mas são algumas.
Quando vi que, no novo album da Maria João e do Mário Laginha constava o I’ve Grown Accustomed to His Face, não hesitei em seleccioná-la para aqui. Gosto bastante da música, e calculei que ia gostar da versão. Acertei


Esta semana há ainda a versão audiovisual. Aqui fica

Um Poema

Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne.
Sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
rios, a grande paz exterior das coisas,
folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.

E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as casas deitadas nas noites
e as luzes e as trevas em volta da mesa
e a força sustida das coisas
e a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

- E o poema faz-se contra a carne e o tempo.

Herberto Helder

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Dar

aplicar, e receber

É o chamado Girl effect.


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Animais


Toda a minha vida tem sido acompanhada por animais “de estimação” ou domésticos, se preferirem. Vão variando em número e espécie, mas têm estado sempre presentes: cadelas, periquitos, tartarugas, hamsters, peixes e o que mais nos tivéssemos lembrado, suponho…

Ultimamente, passei de dona de cães, para dona de gatos, transição essa que me trouxe algumas reprovações familiares, quando uma das minhas irmãs me disse que a minha cadela deveria estar (no céu dos cães) a encarar isso como uma traição…

Seja qual for a espécie – cão ou gato - cada animal é um caso, tem a sua “personalidade” própria, como tenho tido ocasião de constatar. Para além dos mais independentes, mais afectuosos, tenho, com os gatos, desenvolvido novas designações, mercê de características específicas que vou observando; gato mais tipo gato, gato mais tipo cão (palavra que alguns comportamentos de gatos SÃO parecidos com os dos cães), e, ultimamente, em honra de um recente habitante, o gato Jeremias, gato Mias para um certo Quico, gato Scottex… sim, porque o Jeremias, qual cão do anúncio, desde que percebeu que aquele rolo podia ser desenrolado, entretém-se a desenrolá-lo e a passear o papel pela casa toda… e eu, da primeira vez que vi nem queria acreditar… achei que só os cães é que faziam aquelas graças…

Por isso, quando recebi este Cat Mummy, de outra dona de gata, pensei: aqui está um excelente assunto para o Registos:))

Cyrano

E, falando em narizes, o dia não ficaria completo sem a famosa cena do nariz do filme Cyrano de Bergerac, desta vez (muito bem) interpretada por Gerard Depardieu

Aqui fica



A todos os narizes grandes


Quando penso literariamente em narizes grandes, é normal que me lembre de Cyrano de Bergerac. Aparentemente não sou a única.


Tay-Marc Le Thant, possuidor de um nariz grande, herdado de seu pai e a quem dedica o livro, decidiu mesmo fazer uma nova narrativa à roda da história de Cyrano de Bergerac. A este projecto aliou-se a ilustradora Rebecca Dautremer, dando origem a um livro (não só) grande, como lindo de se ler e ver.

Transpondo a acção para outra parte do mundo, mas mantendo a os principais intervenientes, a história lê-se num ápice, abrilhantada pelas ilustrações de Rebecca.

Aqui estão dois nomes a reter!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Castanhas

E em Dia de São Martinho, nada como umas boas castanhas assadas, para aquecer as mãos, e tirar a barriga de misérias por desde o ano passado não comermos castanhas...
Enquanto isso, lembrar os vendedores de castanhas assadas, nestas imagens retiradas do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa, esse excelente manancial de imagens para a história da cidade.















Aqui fica também uma alternativa às castanhas assadas, a castanhada. É óptimo:))

Castanhada
Ingredientes:
1,500 kg de castanhas
800 grs. a 1 kg de açúcar
1 vagem de baunilha

Confecção:
Coza as castanhas descascadas mas com pele.Despele-as em quente e passe-as pelo passe-vite.À parte, prepare uma calda de açúcar em ponto de pérola usando 1 kg de açúcar para cada quilo de puré de castanha.Depois de misturar a calda no puré de castanha, junte a baunilha e leve-a novamente ao lume, mexendo sempre até fazer estrada.Guarde-as em frascos bem fechados.
Retirado daqui

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Ballets

Há já algum tempo que não registo aqui nenhum momento de dança… nem tão pouco vou ver algum espectáculo, e tenho perdido dos bons… mas a preguicite instalou-se cá em casa:))

Hoje, quando achei que uma boa maneira de começar a semana, seria precisamente a dançar, não resisti a deixar aqui esta pequena “dança” efectuada por Charlie Chaplin.
Na verdade, não se dança só com as pernas…


sábado, 8 de novembro de 2008

Arte Pública


Numa Lisboa em que os prédios devolutos continuam a ser em grande número, eis aqui uma forma de melhorar o aspecto das ruas em que eles existem... e possibilitar a expressão artística de quem ousou dedicar o seu tempo e arte a pintar os números 225 a 229 da Rua de São Bento.
E melhorar também a qualidade visual, se se pode chamar assim, de quem por ali passa, que, em vez de ver (mais) um prédio entaipado à espera de umas eternas obras, vê apenas a pintura, quase em modo de história, já que a pintura das portas está toda ligada entre si.


























No prédio imediantamente a seguir, talvez contaminado com a presença de uma decoração interessante, alguém achou que, mesmo em prédios habitados, valia a pena dar-lhes cor, história, e mais alguma razão para olharmos.
E olhamos, de facto!
Uma nova forma de personalizarmos as nossas casas?

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Trios Imprevistos

Pesquisar no Youtube tem destas coisas.
Aqui têm um trio de pianos verdadeiramente interessante: Ray Charles, Jerry Lee Lewis e Fats Domino, num registo ao vivo que, apesar de ser ligeiramente extenso (7 minutos e meio), vale a pena ver. E que eu não me importava nada de ter visto ao vivo ...


terça-feira, 4 de novembro de 2008

A poesia é

A poesia é o gozo da coisa como coisa
da coisa com gozo
do gozo como coisa
do como, como coisa e gozo.

Júlio Pomar

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

And the Winner is...




Se podesse votar, votava Obama (eu e um número considerável de europeus). Mas devo dizer que já não posso ouvir falar nas eleições norte-americanas.
Agora que se aproxima o fim da campanha eleitoral, e vamos, finalmente, saber o resultado, aqui está uma ideia interessante: a vida dos candidatos em bd.

domingo, 2 de novembro de 2008

Entre les murs


Ou A Turma, se preferirem.

Quando, no ano passado, as imagens filmadas pelo telemóvel de um aluno permitiram ao país tomar conhecimento do incidente passado numa sala de aula por causa de um outro telemóvel, num confronto entre aluna e professora, com a tristemente célebre frase: Dá-me o telemóvel já!
O país desatou a procurar culpas, a procurar soluções, a argumentar políticas de educação.
Mas, e no fundo, o país viu, ao vivo e a cores, o que se estava a passar nas nossas salas de aulas. Num incidente isolado, é certo, logo descontextualizado, mas mesmo assim, não menos perturbante.

Lembro este episódio porque ontem, ao ver o filme Entre les Murs, onde de resto estavam alguns professores, me recordei dele. Não exactamente por se passar algo no género, mas porque, ao longo do filme, que considero excelente, vamos “entrando” naquela sala de aulas, vamos partilhando o quotidiano daquela turma e o seu relacionamento entre professor e alunos.
Com uma diversidade étnica e multicultural característica dos nossos tempos, mas sobretudo com um constante medir forças naquele microcosmos, o filme retrata exemplarmente a Escola como um dos componentes da nossa sociedade, onde se (tenta) educa(r).
Mas, como não há sistemas perfeitos, há alunos que se desinteressam, que saem do sistema, ou mesmo que dizem não aprender nada na Escola, há professores que se descontrolam, de quando em quando, há o desespero de não se conseguir chegar ao outro lado… mas não se deixa de tentar, e, no fundo, é esse lado humano, positivo que vai tornando o desenrolar do filme tão interessante quanto real.

A Escola faz naturalmente parte desse processo de socialização e aprendizagem, onde se formam os jovens, mas é apenas um dos elementos da Sociedade que o deve fazer. Voltando ao incidente do telemóvel do ano passado, foi obviamente chocante ver aquelas imagens na televisão, mas será que o divórcio entre o que se passa dentro de uma escola (entre les murs) e cá fora é assim tão grande? Isto é, a sociedade em geral pode assim tão facilmente sacudir as mãos e dizer que são questões que só se colocam nas Escolas? É óbvio que não!


Ventos

Na passada semana passámos, subitamente, de uma temperatura amena, imprópria, aliás para a altura do ano em que já estamos, para uma descida acentuada de temperatura, chuva e vento.

Como este ano tem sido pródigo em mudanças de temperatura, ainda pensei tratar-se de uma mera ameaça. Mas não; parece que o mau tempo veio para ficar. A acompanhar outras ventanias que se aproximam?


relvado ao vento - leonor

À cerca de quinze dias ofereci-me (finalmente) uma máquina fotográfica digital, tecnologia essa que tardava em entrar na minha vida. Enfim, a tecnologia até vai fazendo parte do meu dia a dia, mas a minha aptidão para lidar com ela, essa demora algum tempo a ter diferenças significativas. Assim, e carregando sempre no mesmo botão, digo eu, ora tiro fotografias, ora me sai um vídeo… Foi o que aconteceu neste caso:))
Mas também, quem é que perde tempo a ler manuais de instrução??? Foi uma dúvida que sempre tive…