sábado, 10 de maio de 2008

E falando em campo, outros olhares, outras histórias





E porque esta semana estou virada para outros tipos de registo, aqui fica mais outra área, a propósito de um livro que acabou de sair: O Eucaliptal em Portugal.

Sendo uma árvore muitas vezes tão mal amada, tive alguma curiosidade em ver o que dela se poderia dizer, e logo num volume de 398 páginas!

Começando pela sua história, isto é, pela história da sua introdução em Portugal, o livro, de múltiplas autorias, vai analisando os vários factores relativos à plantação do eucalipto: produtividade, recursos hídricos, solo, biodiversidade, fauna selvagem, agentes bióticos, silvicultura pós-fogo em eucaliptais, impactos sócio-económicos, modificação das paisagens e influências das alterações climáticas. Um verdadeiro descascar da árvore.

Numa altura em que tanto se fala dos recursos naturais, é bom ver aparecer estudos assim.

E, porque nos Arquivos se guarda a memória de várias Histórias, aqui deixo mais outra referência: a da História Florestal, Aquícola e Cinegética, conjunto de 7 volumes com a memória de documentação sobre aquele assunto existente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo entre 1208 e 1583, seja em sumário, seja em transcrição.

Aqui deixo três registos daí retirados. Três pequenas histórias.


Também podem ver que as minhas habilidades no domínio da digitalização não estiveram hoje no seu melhor...

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito interessante o livro. Diz-se por aí tão mal do eucalipto e afinal... A propósito aqui vai um texto do Cortazar:

"Um fama anda pelo bosque, e embore nao precise de lenha, olha de modo calculista as arvores. As arvores tem um medo terrivel porque conhecem os costumes dos famas e temem o pior. No meio delas esta' um eucalipto formoso, e o fama ao ve-lo da' um grito de alegria e baila em torno do perturbado eucalipto, dizendo:

- folhas antisepticas, inverno com saude, grande higiene.

Puxa de um machado e golpeia o eucalipto no estomago, sem se importar nada. O eucalipto geme, ferido de morte, e as outras arvores ouvem o que ele diz entre suspiros:

- Pensar que este imbecil so' tinha que comprar umas pastilhas Valda."

Como se conclui o problema sao os famas. E o eucalipto coitado nao tem culpa nenhuma...

Leonor disse...

Anónimo

É bastante interessante, pelo menos as partes que eu percebo, claro, mas o que acho mais importante, de facto, é uma visão pluridisciplinar, a única, de facto, que eu concebo como forma de encarar qualquer realidade hoje em dia.

Não conhecia este texto do Cortazar, mas acho uma delícia.
obrigada pelo contributo e volte sempre