sábado, 19 de janeiro de 2008

Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos?

Deixando por agora a primeira e terceira interrogação, dediquemo-nos à segunda.

Se podemos hoje, através do Projecto Your Genetic Journey, conhecer a nossa "linhagem" por milhares de anos, numa perspectiva mais pessoal, bastar-nos-à, talvez, saber quem eram os nossos avós e, antes deles, os seus avós.
Jorge Luís Borges, escritor que muito admiro, e com quem partilho o apelido, certamente terá alguma vez pensado sobre os seus no poema:
Os Borges
Nada ou bem pouco sei dos meus maiores
Portugueses, os Borges: vaga gente
Cumprindo em minha carne, obscuramente,
Seus hábitos, rigores e temores.
Ténues como se não tivessem sido
E alheios aos trâmites da arte,
Indecifravelmente fazem parte
Do tempo e da terra e do olvido.
Melhor assim. Cumprida a sua ideia,
São Portugal, são a famosa gente
Que forçou as muralhas do Oriente
E o mar se deu e ao outro mar de areia.
São o rei que no místico deserto
Se perdeu e o que jura estar desperto.

Não tendo a arte do escritor, resta ao comum dos mortais procurar saber realmente o nome dos seus avós. Não chega, no entanto, afirmar que descendemos de El Rei D. Sebastião. Convém prová-lo. Documentalmente.

Fazer genealogia implica tempo, paciência, gosto, técnica, conhecer as fontes, saber onde se dirigir.

Há informação disponível on-line, naturalmente. O Instituto Português de Heráldica e a Associação Portuguesa de Genealogia são duas instituições que se dedicam ao seu estudo e a quem se podem dirigir em caso de dúvidas.
No próximo dia 13 de Fevereiro, aliás, dar-se-à início a mais um Curso de Introdução à Genealogia e Heráldica, organizado pelo Instituto Português de Heráldica, no Museu do Carmo.
Mas não pensemos, contudo, que as fontes genealógicas só têm interesse para os directamente envolvidos. Recentemente comemorámos os 200 anos da Guerra Peninsular. Entre os estudos vindos a lume, poderiamos ter encontrado um que analisasse e publicasse os registos de óbito de cidadãos anónimos (excepto para os seus descendentes, naturalmente), onde o padre tivesse registado na causa do óbito "morto pelos franceses" com mais ou menos informação.
Á memória de meu Pai. Em homenagem à minha Família. As nossas férias grandes, tantas vezes passadas na rota dos arquivos distritais, contribuiram para que eu seja quem hoje sou.

3 comentários:

Outonodesconhecido disse...

É esse o papel da família. Saborei-a com o bom e o mau, é esse capital humano que faz de nós seres únicos e especiais.

Leonor disse...

outonodesconhecido

e é mesmo, muito bem dito.

obrigado pela visita

Gonçalves disse...

Do pó e em pó nos tornamos, só precisamos não abandonar a matéria na ignorância dos factos!