sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Eu, arquivista, me confesso

que às vezes gostava de ser bibliotecária :)))

ler livros e ainda ser paga para o fazer não é bem a minha noção de paraíso mas está lá perto.
claro que o ponto espaço traço e o dólar para cá e para lá da catalogação não têm tanta graça (mas eu sei !!!), mas uma indexaçãozinha, venha ela... até porque sempre fui e continuo a ser defensora da sua utilização nos arquivos. E por outro lado, o que pode ser mais fascinante que organizar a informação/conhecimento?
Os catálogos de autoridades tb me atraiem francamente, e aguardo ansiosamente pela vinda das FRBR, as quais nos virão linkar com as ISAAR (CPF). Aí, curiosamente, tornar-se-ão a esbater os muros que nos separam?

E porque será que as FRBR me fazem lembrar vagamente as pinakoi de Calímaco, bibliotecário de Alexandria?

PS - a classificação fica para outro dia

5 comentários:

MCA disse...

Aplicar os FRBR aos arquivos?...
Acho muito difícil. Tenho cá as minhas ideias acerca disso... mas acho bem que se tente. Uma vez li um paper de uma estrangeira (acho que era nórdica) que comparava as quatro entidades FRBR do primeiro grupo com os quatro níveis de descrição em arquivo. Mas metia os pés pelas mãos. Também, coitada, era bibliotecária e não percebia nada de arquivos. Mas se a Leonor encontrar algum estudo de jeito sobre isso, estou muito interessada. Obrigada.

MCA disse...

Pois, falta esclarecer, sou bibliotecária mas primeiro fiz arquivo; e continuo a ter um fraquinho por arquivos. Tanto que, para a candidatura ao doutoramento, estou a preparar uma proposta que abarca as duas áreas.

Leonor disse...

MCA

Não não, expliquei-me mal. 1º não conheço nenhum estudo, é mesmo só uma coisa que tenho eu pensado, depois a ideia não era propriamente aplicar as FRBR aos arquivos, é mais interligar, fazer partilha de recursos.
Neste momento o que temos são bd de arquivos e bd de bibliotecas: duas realidades completamente estanques, não comunicantes, o que para mim é um absurdo. Nós profissionais da informação, na era e sociedade da dita, estamos às vezes demasiado pouco abertos a partilhar .
As FRBR vão beber nas ISAAR no que toca aos ficheiros de autoridade dignos de serem chamados por esse nome, e isso era uma coisa que podia e devia ser implementada a sério, mas lá está, está tudo demasiado entretido com a sua loja, acho eu. Quantos aos níveis, não sei, não conheço esse paper. ainda o tem? agora que me deu a ideia vou pensar um pouco nela, mas se calhar tb não tenho conhecimentos suficiente eu das FRBR para isso...

MCA disse...

Concordo completamente que arquivistas e bibliotecários andam de costas voltadas. E não deviam. Apesar dos métodos de trabalho serem diferentes, aquilo que é comum devia ser tratado como tal. Por exemplo, nunca percebi porque é que não há uma forma única de tratar autoridades. Nisso, acho que os arquivistas têm muito a aprender com o que se faz em bibliotecas. Por outro lado, os bibliotecários têm muito a aprender dos arquivistas no que diz respeito a relacionar documentos. O bloco 4xx do UNIMARC está muito mal explorado.
Eu tenho estado a estudar esse tema, exactamente porque quero debruçar-me sobre os aspectos comuns da descrição documental em arquivo e em biblioteca, no contexto dos arquivos de música. Mas ainda estou numa fase inicial e sinto-me bastante confusa. O debate com arquivistas e com outras visões do problema faz-me muita falta. Isto, apesar de ser casada com um arquivista... :-)

Leonor disse...

os trabalhos são iguais: registamos, catalogamos, classificamos, indexamos, digitalizamos, disponibilizamos na web... usamos normas diferentes é certo, servimo-nos de instrumentos (planos, thesauri, etc) diferentes, mas para mim é tudo a mesma coisa: estamos a gerir informação, sendo que o ponto de vista pelo qual olhamos para ela é diferente.
mas se é casada com um arquivista e se tem formação na àrea sabe isso tão bem como eu...
e concordo, nas autoridades podiamos perfeitamente fazer partilha de recursos, o problema é haver bibliotecários e arquivistas que o queiram fazer. olhe que não é assim tão fácil, porque eu já tentei e ficaram a olhar para mim como se estivesse a sugerir aterrar em marte ...