
Simão Bacamarte, o maior dos médicos do Brasil, Portugal e das Espanhas, estudara em Coimbra e Pádua.
Tendo regressado ao Brasil, mais concretamente à vila de Itaguí, e uma vez que possui como único emprego a ciência, dispõe-se a estudar a saúde da alma, ocupando-se assim dos dementes.
Para tal tarefa, propõe à Vereança a instalação de todos os loucos de Itaguí numa só Casa, da qual ele mesmo se encarregaria, ideia que gera alguma controversia por não ser costumeira á época.
Mas quem tem autoridade para dizer quem é louco? Bacamarte ensaia uma classificação entre furiosos e mansos, mas depressa se apercebe que a loucura, que outrora pensava ser uma ilha no oceano da razão, se assemelha mais a um continente.
De internado em internado, muita reclamação se começa a gerar no povo, surgindo a questão: "se tantos homens em quem supomos juízo são reclusos por dementes, quem nos afirma que o alienado não é o alienista?"
Da rebelião que se segue até a solução final, este Alienista, publicado pela primeira vez em 1881, é uma visão mordaz de uma época e de uma certa forma de encarar a ciência.
No centenário de Machado de Assis, eis um conto que merece ser lido. E, uma vez que estamos a desenvolver a Lusofonia, porque não trazermos autores de língua portuguesa para os programas dos Liceus, em vez de nos ficarmos apenas pelos autores portugueses?