terça-feira, 16 de junho de 2009

Aventuras de um gato na Penha de França

Já não sei bem em que dia chegou, lá para os idos de 1994, mas veio uma bolinha de pelo, tinhosa (deve ter sido por isso que foi abandonado) e muito senhor do seu nariz, apesar da tenra idade. Recebeu o nome de Bernardo, petit nom Bernie. O seu pelo metade branco, metade preto, dava-lhe um tom cinzento de muito bom gosto.

Rapidamente se tornou dono da casa e motivo de conversa em toda a família, tendo mesmo tido direito a fazer parte das minhas quadras no Natal (tradições…). Quase tão depressa contagiou humanos e felinos com a sua tinha: a mim, meu pai e minha irmã mais nova (numa breve incursão em casa dos meus pais)… e aos gatos da Sofia (numa visita nocturna).

Mas nada o fazia parar, nem mesmo o seu muito peculiar feitio (que as más línguas diriam mau). Por isso mesmo era conhecido por toda a vizinhança, a quem fazia questão de visitar pessoalmente mal desse com uma janela aberta.

Sendo o meu gato, aguentou olimpicamente a chegada de mais quatro patas; primeiro o gato vizinho com quem brincava – o Saltitão – depois o Patas, “caído” de um desastre qualquer. Mas tinha sempre a última palavra, qual senhor da casa.

No seu crescimento, passou por várias fases: passeios ao campo, andar só por cima dos móveis, dar cabo do sofá… enfim, mais do que vale a pena agora contar, mas sempre com a certeza do seu lugar e com o seu inegável feitio que acabou por o tornar num gato maduro, certo da sua posição.

Sendo gato habituado a estar à janela, cedo descobriu também as vantagens dos passeios pela via pública, tais como caçadas aos pombos (meras tentativas…) desaparecer durante umas horas/dias e ser senhor do seu destino (que me deixava doente) e conviver com os vizinhos, chegando a ter verdadeiras manias (entrar na casa da vizinha do lado pela porta e só sair pela janela…), enfim, manias que o caracterizavam.

Ultimamente “perfilhou” a segunda geração felina, chegada o ano passado, tornando-se num verdadeiro patriarca, à volta de quem os outros queriam estar. Não deixava, por isso, de ser o dono da casa, o que fazia questão de demonstrar com pequenos direitos que lhe pareciam naturais; o direito ao colo, a estar mais perto da minha cara, etc.

Hoje foi ocupar o seu lugar noutras bandas. Sem sofrer, nas minhas mãos. As saudades que eu vou ter…

Em pose existencialista, malgré o espelho sujo...

3 comentários:

Teté disse...

Vais ter, sim, mesmo que o bichano tivesse muito mau feitio (o que, pelo que percebi, não era exactamente o caso, talvez algum excesso de personalidade...)!

O único consolo é mesmo pensar que fizemos o melhor que podíamos para dar uma boa vida ao nosso bichano! Pelo menos, foi assim que me consolei e já passaram uns 4 anos. Mas ainda tenho saudades...

Beijoca grande, Leonor!

ana barata disse...

Como eu sei o que é um bichano com muiiita personalidade! A idade tem tornado o Maltez mais amigável (a idade...)

Lamento a perda.
Beijinhos Leonor.

Eridanus disse...

mmmhhh... sentidos miaus