terça-feira, 7 de abril de 2009

Arquivos perigosos



Em tempos de guerra, já se sabe que também os arquivos sofrem… às vezes de formas irrecuperáveis.

Mas quando se trata de guerras civis, a situação consegue piorar. Vêm estas considerações a propósito da abertura ao público de parte dos arquivos da polícia secreta durante os anos de 1960-1996, da (longa) guerra civil da Guatemala, decidida pelo procurador dos Direitos Humanas da Guatemala, Sérgio Morales.
Tratou-se de recuperar, organizar e descrever um conjunto documental (cerca de 80 milhões de documentos) fundamental, não só para a compreensão daquele período histórico, mas também para a identificação e informação sobre o paradeiro de 200 mil pessoas mortas ou desaparecidas durante aquele período de tempo.

Um tal tipo de informação é, obviamente, sensível e a sua disponibilização não terá agradado a todos. Coincidência ou não, no dia a seguir, a mulher do procurador dos Direitos Humanos foi raptada, torturada e entretanto solta.

Há projectos (e arquivos) que merecem ser divulgados. Este é um deles.

Se quiserem saber mais sobre gestão de arquivos de Serviços de Segurança de Estados Repressivos, leiam o relatório apresentado por António Gonzalez Quintana aqui.

Outro lado desta memória é também o Projecto Guatemala, do National Security Archive, da Universidade George Washington, dos EUA, destinado a divulgar os arquivos secretos dos EUA sobre a Guatemala. Este site reúne documentação já desclassificada, bem como vídeos e fotografias, nomeadamente o processo do Esquadrão da Morte (diário militar com registo de desaparecidos, bem como planos da CIA para a região.

3 comentários:

Rafeiro Perfumado disse...

O que choca não deveria ser a revelação desta informação, é ainda haver quem queira que ela permaneça longe dos olhares do mundo.

Beijo.

Lyra disse...

Olá, venho desejar uma Boa Páscoa, replecta de amêndoas e boa disposição.

Beijinhos e até breve.

Lyra
;O)

Teté disse...

Querer esconder a verdade, ainda para mais em tempos de Guerra Civil, é uma constante no ser humano. Consciências culpadas?!

Beijoca, Leonor!