terça-feira, 10 de junho de 2008

Concedido vos é saberdes...

Canto X: 142-144
142
«Até aqui, Portugueses, concedido
Vos é saberdes os futuros feitos
Que, pelo mar, que já deixais sabido,
Virão fazer barões de fortes peitos.
Agora, pois que tendes aprendido
Trabalhos que vos façam ser aceitos
Às eternas esposas e fermosas,
Que coroas vos tecem gloriosas,

143
«Podeis-vos embarcar, que tendes vento
E mar tranquilo, pera a pátria amada.»
Assi lhe disse; e logo movimento
Fazem da Ilha alegre e namorada.
Levam refresco e nobre mantimento;
Levam a companhia desejada
Das Ninfas, que hão-de ter eternamente,
Por mais tempo que o Sol o Mundo aquente.

144
Assi foram cortando o mar sereno,
Com vento sempre manso e nunca irado,
Até que houveram vista do terreno
Em que naceram, sempre desejado.
Entraram pela foz do Tejo ameno,
E a sua pátria e Rei temido e amado
O prémio e glória dão por que mandou,
E com títulos novos se ilustrou.


No Dia de Portugal, achei que estes versos, retirados dos Lusíadas, aqui ficavam bem.

18 comentários:

Paulo Tomás Neves disse...

50
Comendo alegremente perguntavam,
Pela Arábica língua, donde vinham,
Quem eram, de que terra, que buscavam,
Ou que partes do mar corrido tinham?
Os fortes Lusitanos lhe tornavam
As discretas respostas, que convinham:
Os Portugueses somos do Ocidente,
Imos buscando as terras do Oriente.


51
Do mar temos corrido e navegado
Toda a parte do Antártico e Calisto,
Toda a costa Africana rodeado,
Diversos céus e terras temos visto;
Dum Rei potente somos, tão amado,
Tão querido de todos, e benquisto,
Que não no largo mar, com leda fronte,
Mas no lago entraremos de Aqueronte.


Bom feriado!

Anónimo disse...

e outra vez camões, que bom! gostei muito.
boa semana.

Oliver Pickwick disse...

Pois ficaram muito bem mesmo. Afinal que melhor homenagem do que os versos de um dos seus maiores poetas?
Longa vida à Portugal.
Um beijo!

Rafeiro Perfumado disse...

Confesso, nunca li os Lusíadas... mas quero ler! Estou é à espera de ter muuuuuito tempo livre! ;)

Beijocas!

RENATA CORDEIRO disse...

Querida, está muito difícl ler o que vc escreve no seu blog, pois o funfo é escuro e as letras o são também. Ponha letras brancas. Postei 2 coisas num só post. Vá lá Preciso da sua ajuda. Para publicar as resenhas de filmes que faço aqui. Mas, para tanto, preciso dos comentários. Sem comentários, não há publicação.
wwwrenatacordeiro.blogspot.com/
não há ponto depois de www
Um beijo e o aguardo,
RENATA MARIA PARREIRA CORDEIRO
Tenho certeza de que vc vai gostar da primeira sessão das tapeçarias medievais.

Carmim disse...

E no rescaldo do dia de Portugal só me fica a dúvida sobre onde quis Cavaco Silva chegar com "o dia da raça"...

Beijo.

Leonor disse...

Caro Paulo

e porque não me surpreendo com uma resposta camoniana vinda de si? (e que gostei muito, por sinal)

Boa semana!

Leonor disse...

Jasmim

era incontornável, no dia 10. Ainda bem que gostas-te

beijinhos, boa semana (boas sardinhas se houver...

Leonor disse...

Oliver

É, ficaram bem sim senhor, mas como não me apeteceu escrevê-los, encontrei-os num site... brasileiro!!! e é isso que é interessante, esse intercâmbio (eu que sou a favor, ando para fazer um post sobre o famoso acordo e não tenho tido tempo...)

Boa semana! beijos

Leonor disse...

Rafeiro

Vamos cá a saber: onde é que fizeste o liceu???????????? ou já não se dá? (acho que deves ser um bocadinho mais novo que eu...)

Leonor disse...

Renata

vou ver o que se passa, essas críticas costumam ser do Oliver...
já lá passo
beijos

Leonor disse...

Carmim

pois ele há coisas que nunca saberemos...
bem vinda ao Registos, boa semana

Rui disse...

O 10 de Junho devia ser como o Natal: sempre que o Homem quisesse.

Antunes Ferreira disse...

Quando eu era um adolescente (palavra de honra que fui), com uma penugem a espigar-me na ponta do queixo, Os Lusíadas eram tema obrigatório no Liceu.

Não digo que os odiasse - mas quase. Explico, por alíneas:
a)Tinhamos de dividir as orações das estrofes e, pior, classificá-las. Das coordenadas conjuntivas (terminologia da época) até às condicionais (idem) era uma estopada das antigas.
b) O que devia ter piada e atraía a malta masculina era o Canto da Ilha dos Amores. Pois esse, não existia; estava cortado na edição escolar. Pobre IX.

Quando descobri que Os Lusíadas eram muito mais do que isso, quando aprendi o que era um hendecassílabo, o que representava o Adamastor, o porquê da Traprobana para os marujos portugueses, dei conta que as malditas orações eram dispiciendas - e não eram o livro, bem pelo contrário.

Quando me apercebi, finalmente, que o Canto IX era verdadeiro - e existia - entendi finalmente o porquê da Vénus apadrinhar o Vasco da Gama e os outros loucos nautas. Só loucos se teriam metido em tal cometimento: descobrir o caminho marítimo para a Índia.

Foi uma alhada, da qual herdei o retorno: uma tal Raquel que veio alegadamente estudar para a faculdade e, na realidade, veio caçar-me e casar-me... Uma desgraça nunca...

Quanto a Sua Insolência citar o dia da raça - tem graça! Rima, mas é muito triste. A salazarenta figura, onde quer que esteja, estará a bater palmas. E anda uma mãe a criar um filho...

Depois

Gi disse...

De Camões

conservo dois Lusíadas, um de capa azul que foi passando de mão em mão, cheio de apontamentos nas margens feitos a lápis por, pelo menos, meia duzia de pessoas, orações divididas ... e outro de capa vermelha que levava para as aulas depois da lição estudada.

Ainda e sempre presente a palavra com que se encerra esta obra .Cada vez existe mais . Não mata mas corrói...

belíssima escolha

Um beijo

Leonor disse...

Rui

isso deviam ser todos mesmo... mas depois era a confusão total, o que não deixava de ser interessante

Boa semana

Leonor disse...

Caro Henrique

Bom, já nem me lembrava dessa história...

mas semnpre devia dfar azo a outras histórias...

beijinhos

Leonor disse...

Gi

no meu tempo(sic) já não tive de dividir coisa nenhuma: pude assim apreciar melhor, sorte a minha, azar(?) o vosso...

Da versão do liceu, já não sei o que foi feito, lá em casa tb passavam de irmão para irmão, e eu não sou a última..., mas quando chegou a altura de ter o meu exemplar, herdei do meu pai uma belissima edição

beijinhos, boa semana