Antunes Ferreira, no seu livro Morte na Picada, acabado de lançar, “propõe-nos outro conceito: guerra civil. Os que se batem são irmãos desavindos, com mais a uni-los do que a separá-los, pesem embora as diferentes tonalidades da pele ”. As palavras não são minhas, mas de Joaquim Vieira, na introdução.
Ao longo dos anos, tanto por motivos profissionais como de amizade, fui conhecendo antigos combatentes, daqueles que ainda são capazes de relatar durante horas (sou uma boa ouvinte, é certo) a sua vida á época mostrando ainda fotografias tiradas e religiosamente guardadas. Ou acompanhar a história daqueles que ainda hoje não sabem o que fazer com essa memória.
Depois da excelente série de Joaquim Furtado, tenho observado com curiosidade a vinda a lume de memórias pessoais de diferentes participantes em outros tantos teatros da guerra. Como se a caixa de pandora desta memória tivesse (finalmente) sido aberta.
De igual modo veria as memórias dos outros. Suprema ignorância da minha parte, não faço ideia se, da parte combatida, digamos assim, já há este tipo de reflexões.
Ao longo dos anos, tanto por motivos profissionais como de amizade, fui conhecendo antigos combatentes, daqueles que ainda são capazes de relatar durante horas (sou uma boa ouvinte, é certo) a sua vida á época mostrando ainda fotografias tiradas e religiosamente guardadas. Ou acompanhar a história daqueles que ainda hoje não sabem o que fazer com essa memória.
Depois da excelente série de Joaquim Furtado, tenho observado com curiosidade a vinda a lume de memórias pessoais de diferentes participantes em outros tantos teatros da guerra. Como se a caixa de pandora desta memória tivesse (finalmente) sido aberta.
De igual modo veria as memórias dos outros. Suprema ignorância da minha parte, não faço ideia se, da parte combatida, digamos assim, já há este tipo de reflexões.
Antunes Ferreira que pode ser lido aqui
20 comentários:
Olá!
Tropecei no teu blog e não pude deixar de comentar este post.
Estive em Cabinda (Angola), em 1972 e 73, com os meus pais...
Acho piada ao facto de as minha melhores recordações, imagens, cheiros, sensações e, acima de tudo, EMOÇÕES de infância serem dessa época.
Por outro lado os meus pais NUNCA falam disso.
Em tempos (há vinte e muitos anos que não tocamos no assunto)questionava o meu pai àcerca dessa época e tinha por resposta apenas explicações, nunca EMOÇÕES.
Quanto à minha mãe, quando a questionava, apenas me mostrava fotografias tiradas lá, em que eu estava presente em cenas engraçadas (eu com um chimpazé bebé, eu ao colo de um africano, muito sorridentede, de boina e coisas assim), mas EMOÇÕES...nada também.
No entanto não tenho vontade de questinar mais nada, nem sequer a razão da ausência total de EMOÇÕES por parte dos meus pais, relacionadas com essa época.
Apenas uma sensação fica: Adorava voltar lá um dia, encher a mão daquela terra avermelhada e cheirá-la! Ouviria tiros?
Parabéns pelo blog. Voltarei com toda a certeza!
Até breve.
;O)
Um livro a ler, decerto, por quem queira recordar esses tempos.
Saudações.
Jorge P.G.
Esta é uma das minhas grandes falhas. Conheço pouco da guerra colonial e não li quase nada e confesso que não me atrái. Mas devia ler e terei de fazer um esforço para ficar a saber :)
Beijinhos
É sempre bom relembrar as feridas da guerra colonial; confesso que li pouco sobre o assunto. hei-de ler...
Tive a sorte de não ter familiares que tivessem estado nesse palco de guerra.
Mas 3ª feira, salvo erro, deu um documentário televisivo sobre uma mulher que gravava mensagens de familiares dos militares e ia lá dar a conhecer aos homens essas gravações. Comovi-me imenso!
E sim, suponho que quase 34 anos passados, começam a ser conhecidas algumas (muitas) histórias que estiveram embargadas na garganta de muitos desses homens...
Jinhos!
Lyra
Bem vinda aqui ao Registo e volta sempre.
Eu nunca estive em áfrica antes da independência, mas já visitei Cabo Verde, Angola e Moçambique por motivos profissionais e fiquei completamente rendida a essa terra avermelhada...
mas acho óptimo teres essas memórias boas de infância, essas ninguém tas tira. ~
Quanto à situação em Cabinda, aí já não te posso ajudar, não sei realmente, mas fui a Angola (Luanda, mais precisamente) antes e depois do fim da guerra e a diferença era grande. talvez um dia dê para ires lá...
até breve
Jorge P.G. Sineiro
sem dúvida, e por quem queira tentar perceber
bom fim de semana
Ka
há tanta coisa que deviamos saber... mas esta faz realmente parte das nossas raizes. É extraordinário como fui conhecendo pessoas ao longo da minha vida que foram afectadas pela guerra e cuja memória e sentimentos ainda está muito calado.
beijinhos, bom fim de semana
outono
é, não há como contornar esse facto, mas vai trazê-lo à superfície
beijos
Teté
ouvi falar nisso e tenho imensa pena dde não ter visto, enfim, não pudemos estar em todas...
nem tinha a noção que já passaram 34 anos... realmente já está mais do que no tempo de se recordar...
bjihnos
Olá Leonor. Está muito bonito. O tema, o livro e o autor merecem.
Paulo
Olá Paulo
obrigado pelo comentário o qual, vindo de ti, sabe duplamente bem.
mas tens razão, o tema, o autor e o livro merecem e foi com muito gosto que o fiz.
beijinhos, extensiveis
A caixa de pandora tem de ser aberta. Necessariamente.
Querida Leonor
Vossemecê estraga-me com mimos! E com tais termos que me deixam enrascadíssimo. Não te posso agradecer de outra maneira do que pedindo a tua colaboração na divulgação do «Morte na Picada».
Se calhar a mana Veva já te contou o que se passou na fnac do Colombo. Foi uma festa de Amigas e Amigos & correlativos.
De acordo com o pessoal da fnac, ali estiveram mais de 200 bicos. Para eles - e na voz do António (?)Vinagre, tipo importante da empresa - foi um dos maiores lançamentos em termos humanos.
E o Joaquim F-U-R-T-A-D-O fez uma apresentação do livro que me deixou positivamente abananado. Chegou a dizer que no seu estilo e forma é o melhor livro que se publicou sobre o tema.
Fiquei babadíssimo. Um babete não me chegava; tive de colocar um avental à moda provençal, ou seja até aos pés... De tal sorte que nos agradecimentos lhe troquei, penso que por duas vezes, o nome.
Irei a Coimbra e ao Porto apresentar o livro. A Bertrand quer que o faça em lojas que tem em centros comerciais.
Após entrevista dada à Rádio Macau (O Mun Tin Toi) uns Amigos que ali tenho comunicaram-me que iam tratar de arranjar uma deslocação minha (e da Raquel) para fazer também a apresentação.
Nunca pensei que isto tivesse tanta divulgação: entrevistas no DN, duas; na Rádio Capital; na Rádio Portugal-Europa; notícia no Global e na RR - eu sei lá que mais. Em jornais informáticos. Em blogues. Um verdadeiro tsunami.
Tu não estiveste lá, por motivos ponderosos, eu sei, mas disseste-me que já tinhas comprado o livro. Muito feliz ficaria se, depois de o leres, me dissesses se gostaste - ou não.
Mesmo na negativa, agradeço-to e peço-te para, se o quiseres e puderes fazer, faças dele publicidade junto de Amigos, familiares & conhecidos.
Sou um melga gordo, já sei. Mas - e tu sabe-lo - como gosto muito de ti, permito-me esta kuña...
Uns €€€€€€itos nunca são demais. E só vendendo é que...
Muito obrigado
Henrique, o Aéfe
Já li de um fôlego e gostei muito. Tal aconteceu devido à notícia que aqui a Leonor deu. Por isso, muito obrigado. E os meus parabéns ao autor, Antunes Ferreira. Venham mais... Eu fico à espera.
Paula
tens toda a razão. já é mais do que tempo. Vi agora que a série do furtado vai ser vendida com um jornal: é outra boa notícia, vou comprá-la
boa fim de smeana
Caro Henrique, o Aéfe (hesitei em como devia tratá-lo...)
Tive de facto muita pena em não ter participado nessa festa, mas outros laços familiares, como sabe, me prenderam...
Fiquei muito contente com o que a Veva e o Paulo me contaram, mas deixe-me que lhe diga que já estava à espera: nunca duvidei da sua força para reviver as suas memórias e escrever o livro. Sabendo como sei que é uma pessoa rodeada de afectos, só poderia estar entre amigos no lançamento do seu livro.
Tenho todo o gosto em dar-lhe a minha a opinião. temos que combinar então uma ocasião. Ainda bem que está nessa dinâmica toda de contactos, é sempre bom vermos que o que fazemos não cai em saco roto, como se costuma dizer.
e venha o próximo
beijinhos
Mário Jorge
Obrigado por ter vindo deixar aqui o seu contributo. Como vê, sou familiar do autor.
Mas acho muito importante que se comece a falar deste nosso passado, tão mal resolvido, tão esquecido e sobretudo tão mal contado. Esta abordagem é de facto uma abordagem diferente (e para mim interessante, claro) que me fez lembrar todos os antigos combatentes que fui conhecendo e que me foram contando a sua passagem pela guerra sem falar da guerra...
e sim, espero que este seja o primeiro
volte sempre
Não podia passar sem escrever um comentário aqui.
Li o livro e, como alguém já escreveu, li-o de um fôlego (o que é raro em mim).
Apesar de não ter nenhuma ligação especial a África e ser muito novo quando se deu o 25 de Abril (7 anos) acho que é importante que se fale do que se passou.
Já sem o calor da proximidade dos anos, pode permitir que quem o viveu, e tenha necessidade disso, conviva melhor com o passado. Para os outros, é uma maneira de conhecermos a nossa história, mas também, de compreendermos os nossos pais, tios,...
Obrigado ao Antunes Ferreira e à Leonor por esta divulgação no blog!
Anónimo
obrigado por ter vindo deixar a sua opinião.
Falar sobre as coisas, mesmo só passados 34 anos, é sempre bom. Para quem lé esteve e para quem conhece quem lá esteve.
Sempre me fez confusão como é que os americanos falam tão depressa das suas próprias guerras (vietnam, golfo, agora o iraque) e nós tinhamos esta lacuna na nossa memória. claro que tivemos o 25 de abril a seguir, a descolonização, mas mesmo assim, demorámos muito...
volte sempre
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