Em livro mas não só…
Muito se discute, hoje em dia, sobre o futuro do livro tal como o conhecemos hoje em dia: o livro impresso, do qual já beneficiamos desde que Gutenberg inventou a imprensa no séc. XV.
Com o aparecimento de novos aparelhos de leitura (e-ink, e-paper, e-books) sem esquecer os áudio-livros, cujo mercado deixou de ser quase exclusivamente dominado pela oferta para invisuais, que, simultaneamente, levaram à reflexão sobre o futuro dos autores, editores e das próprias bibliotecas, este assunto passou a estar na ordem do dia.
Não é assim por acaso que surge a designação e-library. De igual forma, o aparecimento de grandes colecções digitalizadas disponíveis on line, nomeadamente, e só para referir grandes projectos, a Biblioteca Europeia, o projecto da Biblioteca Mundial e uma Biblioteca Internacional para Crianças, aparecendo também projectos que disponibilizam downloads gratuitos (Projecto Gutenberg, Jornal da Poesia – site brasileiro, exclusivamente dedicado à poesia de língua portuguesa, só para nomear alguns) foram permitindo não só a passagem da biblioteca tradicional, com edifício próprio e horários, para uma biblioteca sem espaço nem tempo, onde acedemos em qualquer parte do mundo e á distância de um clique a catálogos e a obras.
O nosso relacionamento com o livro mudou, mesmo que ainda não tenhamos experimentado comprar um leitor de e-books ou um áudio-livro. E a tendência será para que esses mercados evoluam e se tornem mais atractivos, sobretudo com a grande vantagem da utilização simultânea da internet.
Sendo um assunto que obviamente me interessa, e sobre o qual faço a minha própria reflexão, comecei por ler alguma da bibliografia sobre o assunto sem ter a pretensão de ser exaustiva. Li assim Demain, le livre, Gutenberg 2.0 e, como não poderia deixar de ser, O papel e o pixel de José Afonso Furtado. Aos livros fui juntando alguns artigos disponíveis on line como os de Emmanuel Kessler ou de Alain Beuve-Méry, até chegar à página de Lorenzo Soccavo.
Todos eles me levantaram questões e me fizeram pensar. O livro tem futuro? Seguramente. Em que moldes não sei. As tendências do mercado ainda não estabilizaram. Sei que para já, no entanto, ganhámos certamente em termos de facilidade de acesso e disponibilização de conteúdos. O que, para a história da leitura, não é mau.
E será que o futuro do livro passa pela emergência de um Livro 2.0?
10 comentários:
Muito interessante este teu texto.
Há dois pontos nos quais eu me retenho quando penso neste tema. O primeiro diz respeito ao livro como hoje o conhecemos. Penso que perdurará uma vez que para os amantes dos livros (nos quais me incluo com muito gosto) o livro é muito mais que o seu conteúdo. É a encadernação, o papel, o cheiro, o prazer de o ler em qualquer local(de preferência num ambiente calmo e longe das novas tecnologias). Eu, por exemplo, não me vejo a ler livros online (a não ser que seja por motivos de pesquisa ou profissionais).
Logicamente que todas as formas de leitura do "livro" irão vingar no entanto aqui coloco a segunda questão: Como atrair as pessoas afastadas da literatura a ganharem hábitos de leitura? Será que estes hábitos irão aumentar só porque passamos a ter livros à distância de um click? Ponho as minhas dúvidas uma vez que o acto de ler o livro surge pela vontade que um tem em aprender, em ter mais conhecimento. E isso acontece normalmente nas pessoas que crescem num ambiente onde querer aprender é uma consequência normal da educação.
Beijo e resto de bom dia :)
ps - desculpa a extensão do meu comentário que mais parece um post :P
Ka
para mim, que tanto me interesso pelo passado, presente ou futuro dos livros, deu-me um especial prazer fazer este post, que aliás já venho a preparar há algum tempo.
Claro que a história do livro está ligada à história da leitura, outro tema interessante, a que se calhar dedicarei um post, e que bem referes. O prazer de ler é sem dúvida um bom argumento a favor do livro.
Não sei, contudo, se será na forma como o conhecemos actualmente. Eu tb prefiro o suporte que sempre conheci, mas devo dizer que já comprei audio-livros e gostei da experiência, há livros que consulto on line e não compro e realmente as novas tecnologias trazem-nos novas possibilidades, podendo tb trazer outro tipo de leitores, mais leitores, portanto.
Se assim for, e não vejo que seja de outra forma, penso que sairemos todos a lucrar com a questão.
Daqui até que haja um Livro 2.0 capaz de varrer o mercado do livro tradicional (em papel) não me doa a cabeça, até porque não só tem que existir o livro como tb têm que existir POCs nas casas das pessoas...
Mas haverá sempre quem prefira o papel, pelo menos para determinado tipo de livro. Eu vou fazer parte desse número, já que nem jornais gosto de consultar on line: prefiro o método tradicional de comprar, sujar-me com a tinta e perder algum tempo do meu dia a informar-me:)))
beijinhos, bom resto de dia e boas leituras
Quem sou eu para saber o que quer que seja. Especialmente se o assunto é relevante e daqueles que se vai atravessar nas nossas vidas.
Os assuntos sérios deixam-me nervoso e foge-me o comentário para o disparate. Por isso, vou apenas dizer que esta nova maneira de ler já mexeu comigo: desconfio que preciso de óculos.
E deixo aqui um link que poderá ser de interesse para alguém que o não conheça ainda. Trata-se de um site brasileiro que disponibiliza livros em formato .pdf:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp
E obrigado.
... um pouco como a questão de ver cinema em casa. Naturalmente que sim, mas o prazer de o ver na sala de espectáculo não tem substituto... sobretudo para quem o "aprendeu" a ver assim.
Com o livro, acontece a mesma coisa: perder o gosto de folhear a edição impressa? nem por sombras. Mas as novas tecnologias estão aí e não as substimo. Porque me proporcionaram imaginar outros futuros sem grande dificuldades... Se mais positivos ou não, isso é outra História.
«O SILÊNCIO DOS LIVROS» seguido de «ESSE VÍCIO AINDA IMPUNE» de George Steiner é eloquente e vai de encontro ao texto desta edição.
A vulnerabilidade dos livros.
Os novos suportes de estórias, de Literatura permitem ter ao nosso alcance, coisas fabulosas -- simultãneamente -- «O CRIME E O CASTIGO» «ULISSES» «O LIVRO DO DESASSOSSEGO» «A POESIA» de Sophia Mello Breyner, o que se quiser.
Apenas um niquinho de senão: a leitura em supote clássico -- vulgo livro -- é mais friendly do que em suporte digital. Em monitor a leitura é mais cansativa.
Voltarei a este blog, claro
Rui
Percebo perfeitamente. Eu propria, apesar de me dizerem (ou atribuirem) um ar mais sério (?) tenho alguma tendência para o diaparate. depende das companhias e dos temas, claro... mas nunca poderia pasar para leitores de e-books... já passei para lentes progressivas ...
legível
isso é verdade. nunca deixei de ver cinema, mas lá que afastou muita gente, afastou... (é a tal coisa, talvez me tenha tornado mais criteriosa). enfim, tenho uma uma amiga que diz que ainda estou na faixa etária que vai ao cinema...
jpd
não acho justo, e aqui lavro o meu protesto, que alguém consiga ter 3 blogs 3 ao mesmo tempo :)))) Pronto, tinha que dizer isto...
eu, que desde que abri o meu registo, tenho ouvido de familiares e amigos que
a) não faço mais nada na vida
b) não sabiam que eu sabia escrever (????????)
vejo-me depois confrontada com pessoas que têm 1, 2 ou mesmo 3 blogs!!!!!!!
Não é justo !!!!
vou seguir as indicações... e sem duvida, nada substitui o papel. o seu cheiro (a primeira coisa a detectar num livro) o peso, a maneira como estamos sentados na cadeira, etc. toda uma- -forma de nos relacionarmos com este suporte da escrita...
para mim vai ser muito dificil, se não impossivel substitui-lo
Acho que o livro tradicional ainda vai reinar por muito tempo, mas não tenho nenhuma dúvida que outras mídias assumirão um lugar de destaque neste mercado.
Eu mesmo tenho vários e-books no meu lap-top, principalmente livros da antiguidade clássica, mediaveis, os quais não são mais editados e nem vendidos em livrarias.
Beijos!
Oliver
pois, a mim também me acontece: e-books quer de livros antigos quer de publicações técnicas na minha área. Por outro lado comprei por volta do Natal um audio livro e não achei desinteressante de todo, enfim não para estar em casa a ouvir, porque para isso prefiro ler, mas reconheço que é um conceito que tem potencialidades...
sim, mas para mim o livro tal como o conhecemos não acaba...
beijos
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